Jacaré-de-papo-amarelo está em risco no Rio de Janeiro

( O alerta é do Instituto Jacaré e da ONG EcoCaiman)

No Rio, o sistema Lagunar de Jacarepaguá abriga uma fauna bem diversificada: aves variadas, algumas migratórias, capivaras, mãos peladas, lontras e algumas espécies mais resistentes como tilápias (exótica). Entre as espécies, temos o jacaré-de-papo-amarelo vivendo entre o lixo e o esgoto, carente de políticas públicas que o defenda.

Uma população de crocodilianos ameaçada por péssimas condições ambientais, pela caça ilegal e pela falta de educação ambiental dos que habitam no entorno das lagoas. Moradores jogam comida, lixo e animais mortos, alterando totalmente seus hábitos alimentares e costumes.

Há descaso público, falta de respeito por parte dos residentes e condições inóspitas por despejo de esgoto. A resiliência dos crocodilianos é de espantar, mas especialistas afirmam que já não são tão numerosos.

Ricardo Freitas tem paixão pelo trabalho com os crocodilianos

Quem trabalha há quase duas décadas com esses animais é o biólogo Ricardo Francisco Freitas Filho, através do  Instituto Jacaré e da Ong EcoCaiman, responsáveis pelo manejo, conservação e resgate de vida selvagem. É um trabalho também de resiliência, pois tentam há alguns anos estabelecer, sem sucesso, uma parceria público-privada para melhor cuidar da sobrevivência dos jacarés.

– Apesar de ser uma espécie resistente aos nossos impactos, corre o risco de desaparecer. Hoje, a população está desequilibrada. A quantidade de indivíduos machos e fêmeas não é equitativa. A poluição altera o nascimento de fêmeas, por causa das altas temperaturas das águas. O aumento de matéria orgânica, aumenta a taxa de decomposição, e a decomposição gera energia e a energia gera calor. A água é quente porque tem muito cocô – explica o biólogo Ricardo Freitas.

Evitar jogar lixo e comida

O apelo dos biólogos é para que a população não lance lixo nem comida nas lagoas. Tal hábito acarreta a concentração de jacarés em determinadas áreas e aumenta as disputas por comida. Um exemplo dessa concentração é o Canal das Tachas, no Recreio dos Bandeirantes.

– Ao atirarem lixo, comida e até seus pets mortos, as pessoas condicionam os crocodilianos a se concentrarem em certos locais. Esse jacaré não é para viver concentrado e a aglomeração ocasiona muitas disputas por território. Temos muitos jacarés mutilados por outros jacarés, sem patas traseiras ou dianteiras, cegos, sem cauda e sem pedaço de mandíbula- ressalta o biólogo.

O trabalho dos biólogos do Instituto Jacaré e da ONG EcoCaiman consiste em capturar, classificar, marcar ( todos os animais estão marcados), medir, pesar e realizar exames importantes para ampliar os conhecimentos sobre o jacaré -de- papo-amarelo – que medem em geral entre 2,5( fêmeas)  e 3,5 (machos) metros de comprimento.

Importância dos crocodilianos para o meio ambiente

O jacaré-de-papo-amarelo, segundo o biólogo, é um predador generalista. Ele mantém o equilíbrio da comunidade biológica e a biodiversidade local. “Esta  espécie consegue um efeito chave na natureza, pois a saturação de uma espécie pode levar ao desequilíbrio de outras”, diz.

Ressalta que as necessidades dessa fauna são desconsideradas pelo poder público que não investe em pessoal qualificado nem faz parcerias para cuidar melhor dos crocodilianos. O resgate deles das áreas urbanas não segue a um protocolo de acordo com análises técnicas. “Qualquer animal resgatado  em área urbana, no Estado,  é jogado em Jacarepaguá. temos aqui até jacarés de Niterói”, afirma Ricardo Freitas.

O Instituto Jacaré é uma empresa que tem a ONG EcoCaimã para manter os projetos de pesquisas e de conservação. Quem deveria cuidar dessa fauna é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente -SMAC- (que não respondeu à solicitação de entrevista).  Segundo Ricardo Freitas, o Instituto apresentou uma proposta de cooperação técnica à Secretaria para treinamento e capacitação de pessoal, tornando o trabalho de resgate da fauna mais especializado, no entanto nenhuma resposta foi dada até o fechamento desta reportagem.

– As parcerias público-privadas são importantes para tornar o Rio uma referência no resgate de fauna silvestre. São Paulo está a mil anos luz da cidade nessa questão. É muito importante trocar ideias em prol da qualidade do trabalho, ressalta.

Os estudos não param

Formado pela Universidade Estácio de Sá, Ricardo Feitas tem no currículo mestrado e doutorado e foi pioneiro no Rio de Janeiro a estudar essa fauna. É reconhecido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que reúne especialistas no mundo que trabalham com crocodilianos.

– Aqui no Estado do Rio, tenho o privilégio de fornecer informações sobre os jacarés-de-papo-amarelo para eles, afirma

Os jacarés são sua paixão e seu plano agora é fazer pós-doutorado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Pretende se aprofundar nos padrões de saúde do animal, em função da variação de metais pesados. Quer saber o quanto é assimilado e prejudicial para os crocodilianos e conhecer mais sobre a diversidade genética dessa população. “Temos as amostras das escamas, aí complementarei as informações sobre os jacarés-de-papo-amarelo no Rio de Janeiro, conclui.

Conheça o jacaré-de-papo-amarelo

Em condições normais podem ultrapassar dos 70 anos de idade. São encontrados em países da América do Sul como Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil. Aqui, o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman Latirostris) ocorre naturalmente nas bacias de São Francisco e do Paraná.  Vivem em áreas alagáveis como brejos, mangues, pântanos, onde tomam banhos de sol.

Mais de 70% de sua distribuição foi registrada em terras brasileiras, em uma extensão de ocorrência que supera os 2,6 milhões de km². A coloração dos animais varia entre verde-oliva e marrom escuro. Possuem pernas curtas, patas com unhas grandes, focinhos curtos, largos e que produzem uma mordida forte. Sua alimentação consiste em peixes, mamíferos, crustáceos, moluscos, aves e répteis de pequeno e médio porte.

Texto: Sandra S. Peleias

Fotos: Instituto Jacaré e ONG EcoCaiman

@institutojacare

Sistema Lagunar de Jacarepaguá: poluição fora de controle

Texto: Sandra S. Peleias/Fotos: Moscatelli/OlhoVerde

Quem passa pelas Avenidas Abelardo Bueno e Salvador Allende, sentido Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, sofre com o forte mau cheiro que exala da Lagoa de Jacarepaguá. Os moradores dos condomínios da região desfrutam de uma bela vista, porém, ignoram os impactos causados ao meio ambiente pelo crescimento desordenado da região.

As ações governamentais, segundo especialistas, são incipientes ainda para conter o despejo clandestino de esgotos e o lixo jogado por habitantes de prédios de luxo e de habitações populares. A Comlurb recolhe o lixo dos residentes nas ilhas (são sete), o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) mantém ecobarreiras, no entanto, a limpeza das margens e dos manguezais fica a cargo mesmo dos trabalhos de recuperação ambiental ou de mutirões.

            “Há ainda fragmentos de brejos, restingas e manguezais em diferentes estágios de degradação e sua respectiva fauna residual, tal como uma variedade de aves, algumas migratórias; capivaras, jacarés, mãos peladas, lontras e algumas espécies mais resistentes como tilápias (exótica)”, conta o biólogo Mário Moscatelli, que mantém o projeto OlhoVerde e está sempre monitorando o Sistema Lagunar de Jacarepaguá.

Animais convivem com o lixo e águas fétidas (foto: Sandra S. Peleias)

As consequências desse crescimento desordenado são a supressão de vegetação nativa, o lançamento de esgoto sem tratamento ( das áreas nobres e populares), diz Moscatelli. Sobre o aporte de lixo, ressalta que foi reduzido, porque o Governo do Estado instalou ecobarreiras nos principais rios da região. Grave, também, é o grande volume de sedimentos que assoreiam e sufocam as lagoas, principalmente a da Tijuca.

            -A Comlurb está relacionada com a coleta de lixo nas ilhas do sistema lagunar, sendo que a limpeza das margens das lagoas não existe por conta do poder público, ou apenas em caso de mortandade de peixes. A limpeza das margens e dos manguezais fica por conta dos trabalhos de recuperação ambiental ou de mutirões, acrescenta o biólogo

Processo de degradação

O biólogo lamenta o fato de o poder público ter desperdiçado a chance, durante os Jogos Pan Americanos e Olímpicos, de virar a mesa da degradação, “mas, praticamente, nada fez”.  Acrescenta que o passivo existente é fruto da falta de vontade política em resolver os problemas pelo menos desde a década de oitenta, quando o processo de degradação se acentuou. “De lá para cá, muito se falou e quase nada se fez, como é de praxe nesse país quando o tema é ambiental”.

“O sistema lagunar ainda passa por renovação de suas águas, mas é insuficiente para dar conta do despejo de esgoto generalizado na bacia hidrográfica local que foi transformada numa imensa rede de rios e canais de esgoto e lixo”, informa Moscatelli.

            -O sistema lagunar para ser revitalizado, precisará ser dragado, visto que além da perda da biodiversidade existente também há o problema de drenagem das águas pluviais. Caso não seja resolvido, teremos o agravamento das inundações na região.

Explica que não faltam órgãos responsáveis:  INEA, A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) e até o Instituto Brasleiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA). Também podem operar o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF), além da delegacia de meio ambiente. Ou seja, para ele, não é por falta de gente que medidas apropriadas não são tomadas.

-O projeto no qual estou envolvido está relacionado inicialmente com a recuperação das margens da laguna do Camorim, principal corredor entre os maciços da Pedra Branca e Tijuca.

Moscatelli estima que o esgoto de pelo menos meio milhão de pessoas vai para rios, para as lagoas e para a praia sem tratamento. “Destaco que é uma estimativa otimista. Só a favela Rio das Pedras despeja o esgoto de aproximadamente 70.000 pessoas nas águas da lagoa da Tijuca. Portanto, imagine o resto”.

O que deve ser feito pelo poder público? “O poder público é responsável pela ordenação do solo e pela fiscalização dos delinquentes ambientais, por isso deve exigir o cumprimento das leis ambientais, simples assim”.

-Da mesma forma que sou obrigado a pagar os impostos de serviços que eu não recebo, as autoridades deveriam ser obrigadas a cumprir as leis ambientais bem como o zoneamento do uso do solo municipal. Infelizmente, a regra virou exceção e vice-versa, por conta de fatores culturais, típicos de colônias de exploração do século XXI, bem como da falta de massa crítica da sociedade que aceita praticamente tudo, devido ao que eu chamo de resiliência patológica.

Para finalizar, o biólogo chama a atenção para a importância da educação, porque enquanto “não houver massa crítica diante dos desmandos, não haverá “solução duradoura”. Acredita que a privatização da Cedae traga alguma melhoria para o sistema lagunar, já que, antes, a companhia “tinha como único objetivo a arrecadação e por isso chegamos a esse ponto, com lagoas e baías transformadas em latrinas”

– Pior é saber que os responsáveis históricos por essa degradação sistêmica estão por aí, livres, leves e soltos como não poderia deixar de ser numa colônia de exploração.

Saneamento básico é atribuição dos municípios, diz INEA

O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) informa que atua na região com a operação de cinco ecobareiras instaladas na foz de rios que  deságuam nas lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá: Rios Arroio Pavuna, Pavuninha, do Anil, no afluente do Rio Arroio Fundo e no Itanhangá.  O objetivo é reter resíduos sólidos flutuantes e plantas aquáticas impedindo-os que cheguem aos ecossistemas lagunares e, consequentemente, na praia da Barra. As estruturas retiveram, de dezembro de 2020 até 21 de outubro de 2021, 4.200 toneladas de resíduos que foram encaminhados para aterros sanitários devidamente licenciados, diz a nota do INEA.

O órgão ambiental estadual informa ainda que “o saneamento básico é atribuição dos municípios e da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) que, com a privatização da mesma, ficou a cargo da empresa que ganhou o lote da área”.

As Lagoas

O complexo lagunar é formado pelas lagoas da Tijuca, Jacarepaguá, Marapendi, e a de Camorim ( esta situada entre as lagoas da Tijuca e de Jacarepaguá). O divisor de águas da bacia de drenagem do sistema é estabelecido pelas linhas da crista dos Maciços da Pedra Branca e da Tijuca. Com cerca de 280 Km² de área, a bacia hidrográfica do complexo lagunar de Jacarepaguá é composta por diversos rios que descem as vertentes dessas montanhas e deságuam nas lagoas, que por sua vez se ligam ao mar pelo canal da Barra da Tijuca (ou canal da Joatinga), permitindo a troca de água com o mar.

Onde a Comlurb recolhe o lixo?

A Comlurb informa que recolhe o lixo nas sete ilhas do sistema e todas têm pontos de coleta junto aos decks. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), embora solicitada a responder sobre as ações desenvolvidas na região, até o momento não enviou nota para o blog. Mas, caso responda, a matéria será atualizada.

Fluminense vence Flamengo em águas vascaínas

Com o avanço da vacinação no Estado do Rio de Janeiro, e com os clubes cariocas exigindo o passaporte de imunidade, foi possível uma maior participação de atletas no Campeonato Master de Verão 2021. Promovido neste fim de semana (6 e 7) pela Federação Aquática do Rio de Janeiro (FARJ), ocorreu nas dependências do Parque Aquático do Clube Vasco da Gama, em São Cristóvão.

Consagrou-se campeã a equipe do Fluminense Futebol Clube, superando as equipes do Flamengo, do Tijuca Tênis Clube e do Vasco da Gama, entre outras. Mais de 100 atletas participaram do evento, suspenso no final do ano passado em função do recrudescimento da pandemia. Alguns atletas relataram que não estavam mantendo sua rotina habitual de treinos; fato que não impediu o   Fluminense de contar com a participação de 48 masters.

Como é voltar às piscinas após um longo período sem treinos, sem rever os amigos?  Uma nadadora do Flamengo, de 65 anos, afirmou que já estava se sentindo deprimida por estar afastada das competições.  Sem rotina de treinos, também participei desta retomada em grande estilo da equipe tricolor, que foi buscar o título em águas vascaínas. Foi um Fla x Flu recheado de emoções.

O master de natação é uma categoria que se ressente de apoio por parte dos clubes. No entanto, os nadadores não desistem porque amam o esporte e sabem que nadar faz um bem enorme à saúde. No Fluminense, uma particularidade: graças a garra da Técnica do Mirim, Aninha Silva, a categoria encontra apoio necessário para continuar dando suas braçadas. Não recebe salário para liderar os masters e, além de organizar a equipe, é uma exímia nadadora e participa de várias provas. Todos dizem que Aninha é a luz que faz a equipe brilhar.

Aninha Silva, 30 anos de dedicação ao Fluminense

O Esporte transforma vidas, diz Aninha

– Estou à frente da equipe desde 2004.  E por incrível que pareça não recebo 1 real do clube para trabalhar com essa categoria. Sou técnica do mirim remunerada. Este ano completei 30 anos de casa. Nado no Clube desde os meus 5 anos de idade e já estou com 52. Em 27 anos, já vencemos 30 campeonatos estaduais entre os de inverno e de verão. Sou uma amante do esporte e comando a equipe por acreditar que o esporte transforma vidas. Saúde e qualidade de vida são principais objetivos da equipe master do Fluminense. Tenho orgulho em cumprir essa missão de forma alegre e ver o sorriso no rosto de cada um que é acolhido em nossa equipe. Viva o Esporte! Viva o Master! Viva o Fluminense! A vitória é de todos!

Texto: Sandra S. Peleias

Fotos: gentilmente cedidas pela equipe

Freguesia promove bicicletada por ciclovias

Não é de hoje que ciclistas da Freguesia e adjacências, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, reivindicam a criação de uma malha cicloviária nesta área. Nem mesmo a ciclovia já existente ( que ligaria a Freguesia à Barra da Tijuca ), inaugurada em 2002, atende, hoje, às necessidades dos ciclistas.

A bicicletada ocorrerá dia 7 de novembro próximo, com concentração às 9h, no Shopping Rio Office & Mall (https://maps.app.goo.gl/QRDEoRxQrvSq6Miy8). O grupo percorrerá algumas ruas da localidade, com o apoio de equipes do 18° Batalhão da Polícia Militar, da CET-Rio e da Guarda Municipal. A realização é da Associação de Moradores da Freguesia- AMAF.

Segundo os organizadores, a bicicletada tem por objetivo chamar a atenção da sociedade, e do poder público para a necessidade de expansão da malha cicloviária na região. “Em Jacarepaguá, muita gente se locomove de bicicleta, mas, com trânsito caótico, falta segurança e respeito aos ciclistas”, afirma Mauricio J. Gonçalves, que reside na Freguesia desde 2012.

Nessa luta por ciclovia, a AMAF participou do evento Dia Mundial Sem carro

A ciclovia existente que ligaria a Freguesia à Barra da Tijuca não funciona exatamente como uma ligação direta. Para seguir em direção à praia, é preciso subir a passarela da Gardênia, sobre a Avenida Ayrton Senna, e passar para o outro lado, já que depois do Supermercado Assaí ela não tem continuação.

É uma verdadeira aventura ir à Barra de bicicleta, pois é necessário atravessar de novo uma passarela, ainda na Ayrton Senna, para, no Shopping New York City, passar por baixo da Avenida das Américas e seguir em direção à praia. Na maior parte do tempo, nesse vai e vem, se compartilha a ciclovia com pedestres. Lembrando que a passarela da Gardênia não é indicada como um ponto seguro para ciclistas.

Esta ciclovia também necessitava de manutenção já há algum tempo. Foi através da AMAF que a Prefeitura fez ali alguns reparos este ano. “Mas, será preciso rever o projeto e executar mudanças” , afirmam ciclistas de Jacarepaguá.

Texto: Sandra S. Peleias/Fotos: Sandra S. Peleias

sobre a AMAF: https://www.amafreguesia.org/

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/11/menos-estresse-e-mais-folego-ganhos-de-quem-passou-a-pedalar-na-pandemia.htm

Mutirão de limpeza na Baía de Guanabara

Vagalume Va’a promove seu 26° Mutirão nas águas da Guanabara neste domingo (31/10), das 6 às 9h. O ponto de encontro é na Marina da Glória, que apoia o projeto e também encaminha o lixo recolhido neste evento para empresas de reciclagem.

As organizadoras são atletas canoístas, conquistadoras de vitórias importantes para o país. Como utilizam a Baía de Guanabara para treinos e aulas conhecem a fundo os problemas causados pela poluição e pelo acúmulo de lixo nessas águas.

Letícia Lana e Giselle Banjar afirmam que estão atentas quanto à agenda da ONU sobre as questões dos oceânos e querem “unir forças, pois juntos somos mais fortes”. VagaLume Va’a é dirigida pelas atletas Giselle Banjar Leal e Letícia Cunha. O mutirão realizado por elas desde 2018 acontece sempre no último domingo de cada mês. A ação recebe o apoio da Marina da Glória. “Todo o lixo que coletamos entra na coleta da rotina da Marina, que o envia a um depósito para seleção antes de ser encaminhado à uma empresa de reciclagem” – explica Giselle. Ela e Letícia dão aulas de canoagem e são atletas de ponta, competindo no país e no exterior.

Os interessados em participar devem utilizar máscaras durante o evento, de acordo com o protocolo sanitário anticovide

http://www.vagalumevaa.org

Fone 21 982720447

Texto: Sandra S. Peleias

Nas águas da Guanabara, uma Baía exige despoluição

(Ambientalistas se mobilizam em sua defesa)

A Baía de Guanabara, que emoldura o Pão de Açúcar, na cidade do Rio de Janeiro, aguarda há 25 anos ações efetivas e projetos que possam recuperar totalmente as suas águas. Águas, na maior parte do tempo impróprias para banho, ameaçando não somente a saúde das pessoas mas a sobrevivência de espécies marinhas importantes, a biodiversidade e os manguezais. De relevância turística e esportiva mundial- foi cenário das Olimpíadas de 2016 – se depaupera a olhos vistos.

Se desenham para o futuro da Baía algumas ações como obras em andamento pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, a criação recente do Instituto Rio Metrópole (IRM), a privatização da Cedae, e a elaboração de um projeto de Lei de autoria do Deputado Carlos Minc, com o propósito de acompanhar o trabalho de recuperação da Guanabara. Mas, a luta diária é de ambientalistas (biólogos, professores, cientistas e desportistas) que desenvolvem diversos programas para sua sobrevida.

 “O carioca aceita o inaceitável”         

“O pintor Paul Gauguin amou a luz da Baía de Guanabara. O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela. O antropólogo Claude Lévi-Strauss a detestou”. Trecho extraído da canção o Estrangeiro, de Caetano Veloso, revela o quanto esse cartão postal do Rio de Janeiro tem importância mundial.

Praia da Urca

 “Nosso descaso, no entanto, é fruto de uma cultura de 500 anos de exploração estrangeira”, afirma o biólogo e professor Mario Moscatelli, que mantém o projeto OlhoVerde, de monitoramento aéreo do Rio de Janeiro.

De acordo com ele, a forma de pensar e interagir com o meio ambiente no país ainda é predatória, não havendo vontade política em transformar o meio ambiente em uma pauta prioritária. “Faltam investimentos em políticas habitacionais, saneamento básico e transportes. É preciso planejar. O que queremos para os próximos 50 anos?”.

Para Moscatelli, a sociedade também não exige tais políticas, daí a inapetência dos governantes e políticos. Cita o carioca, como exemplo: “carioca apresenta uma resiliência patológica, aceita o inaceitável. Vai à praia e não se importa. A degradação parece que faz parte da paisagem do Rio”.

Uma degradação apontada como extremamente preocupante por um estudo encomendado pela agência de notícia Association Press, em 2015, com vistas às competições no local pelas Olimpíadas de 2016 (realizadas no Rio de Janeiro). Pelo menos 1.400 atletas velejaram nas águas da Marina da Glória.

Naquela época, o resultado dos testes indicou altas contagens de adenovírus, rotavírus, enterovírus e coliformes fecais em algumas amostras. Esses são vírus conhecidos por causar doenças estomacais, respiratórias e outras, incluindo diarreia aguda e vômitos.

 Alguns setores da sociedade se mobilizam há anos em defesa da Baía, travando uma constante luta por investimentos para sua despoluição. São cientistas, professores, ecologistas, ambientalistas, esportistas, alguns representantes da classe política, estudantes e Universidades.   

 “Sempre houve um grito de alerta que nunca ecoou junto aos que detém o poder de implantar as medidas necessárias à despoluição da Guanabara” -afirma Monica Carolina Cardoso da Silva, doutora em Ciências Biológicas e mestranda profissional em Ecoturismo e Conservação, responsável pelo desenvolvimento do projeto Navegando nos Saberes da Guanabara.

Educação Ambiental e Mutirão de Limpeza

O projeto que Monica vem desenvolvendo tem abordagem esportiva, turística e de educação ambiental. A ideia é transitar pela Baía de Guanabara, de canoa havaiana, criando roteiros turísticos-pedagógicos, aplicando conhecimentos de biodiversidade, de conservação e de educação. Ela atuará em parceria com a Associação Vagalume, que mantém mensalmente um mutirão de limpeza na Baía de Guanabara.

            A Associação VagaLume Va’a é dirigida pelas atletas Giselle Banjar Leal e Letícia Cunha. O mutirão realizado por elas desde 2018 acontece sempre no último domingo de cada mês, das 6 às 9 horas. A ação recebe o apoio da Marina da Glória. “Todo o lixo que coletamos entra na coleta da rotina da Marina, que o envia a um depósito para seleção antes de ser encaminhado à uma empresa de reciclagem” – explica Giselle. Ela e Letícia dão aulas de canoagem e são atletas de ponta no esporte, competindo no país e no exterior.

            Nesses anos de coleta, além de garrafas pet, canudos, copos de plásticos, tampinhas, o que mais chamou a atenção delas foi a grande quantidade de eppendorf (micro tubo de centrifugação) – usado para encapsular cocaína. “Já encontramos duas cápsulas cheias e intactas e diversas com vestígio da droga”, diz Gisele.

            Quem sempre está de olho nas águas da Baía de Guanabara é o biólogo e professor Mario Moscatelli, à frente há 20 anos do projeto OlhoVerde:  monitoramento aéreo mensal da região metropolitana do Rio de Janeiro, em parceria com a iniciativa privada.

            Segundo ele, o OlhoVerde visa alertar as autoridades para a degradação contínua da Baía. Há 31 anos trabalha para a recuperação dos manguezais, atendendo a Lagoa Rodrigo de Freitas, o canal do Fundão, o Sistema Lagunar de Jacarepaguá (Rio de Janeiro) e o entorno do Aterro Sanitário de Gramacho (Duque de Caxias), desativado em junho de 2012. Um trabalho que abrange também a Ilha Grande, já no município de Angra dos Reis.

O resultado dessa dedicação é a recuperação de uma área estimada em 5.000.000 de metros quadrados de manguezais na zona costeira compreendida entre as baías de Guanabara e Ilha Grande”, esclarece.

Também desenvolve projeto de educação ambiental junto às crianças, em parceria com a Escola Carolina Patrício, na Barra da Tijuca, bairro carioca. Trata-se da produção de mudas a serem plantadas no Sistema Lagunal de Jacarepaguá. Sobre o esforço de todos esses anos em defesa do meio ambiente fluminense, ele avalia que “temos vitória no varejo e derrotas no atacado”.

Segundo Moscatelli, a enseada de Botafogo é uma latrina, suas fotos aéreas confirmam esse paralelo. Nessa área da Baía, o trabalho incansável do Movimento Enseada Limpa, em parceria com a Associação de Moradores de Botafogo, com a @viverbotafogo e o grupo de reflorestamento urbano.

 O movimento Enseada Limpa, em parceria com a   Associação de Moradores e Amigos de Botafogo, luta desde 2019 para desarquivar um processo junto ao Ministério Público Federal que trata da poluição das praias de Botafogo e Flamengo. Movido pela ONG Viva Cosme Velho, em 2009, o processo aponta vários problemas como a precária infraestrutura de saneamento da Zona Sul e a responsabilidade da Cedae pela poluição dos rios Banana Podre e Berquó. Rios que passam por Botafogo e se transformaram em grandes correntes de esgoto despejadas na enseada.

Expectativa de despoluição em cinco anos

Para o Deputado Estadual Carlos Minc (Partido Socialista Brasileiro-PSB), o Plano Metropolitano apontou soluções importantes para o saneamento definitivo da Baía de Guanabara. Essas soluções foram colocadas como meta no leilão da empresa estatal de saneamento (CEDAE). “De olho nessa questão, acabamos de preparar um PL para que haja transparência e controle social sobre o cumprimento dessas metas e que possamos, ao longo dos próximos cinco anos, ver a nossa Baía de Guanabara do jeito que ela merece. Recuperada, viva e preservada”.

            O Deputado Estadual Carlos Minc é um dos parlamentares que mais atuam em defesa do meio ambiente. De 27 de maio de 2008 a 31 de março de 2010, foi Ministro do Meio Ambiente, no Governo Lula da Silva. De 2006 a 2008, nos Governos Rosinha Garotinho e Sergio Cabral, foi Secretário Estadual de Meio Ambiente. Sobre a Baía, diz o seguinte:

– A Baía de Guanabara é um dos nossos maiores patrimônios ambientais. Durante meus mandatos, sempre busquei fiscalizar as ações ambientais e propor leis que permitissem a preservação e a conservação da Baía.

Explica que, quando secretário, sua gestão acabou com todos os grandes lixões em torno da Baía de Guanabara: Gramacho, Babi e Itaóca. O que contribuiu para que milhares de litros de chorume deixassem de ser lançados na Baía.

– Em 2011, fizemos o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da REDUC (Refinaria de Duque de Caxias), no valor de 1,1 bi de reais e com 47 ações para mudar tecnologia, criar filtros biológicos e remover enxofre. Mais de 85% dessas medidas foram concluídas. A REDUC era a maior poluidora da Baía de Guanabara, poluía mais do que as 245 empresas reunidas no seu entorno. Essa ação reduziu muito a poluição de óleos nela e do ar na Baixada Fluminense. Muita coisa tem que ser feita, mas essas medidas são essenciais.

Segundo Minc, sua gestão também conseguiu um financiamento junto ao Banco Interamericano para o projeto PSAM (Programa de Saneamento dos Municípios no Entorno da Baía de Guanabara). “Nesse programa, tratamos de levar os esgotos às estações de tratamento que haviam sido construídas na época do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG). Infelizmente, com a falência do Estado do Rio, o programa não prosperou- lamenta.

paisagens deslumbrantes

Universidade do Mar e Instituto Metropolitano poderão integrar as ações voltadas para a despoluição da Baía

            Instituições pública e privadas de ensino e pesquisa, com apoio da sociedade civil, estudam a criação da Universidade do Mar. Esta instituição poderá buscar soluções para as questões socioambientais do entorno da Baía. À frente do grupo está a Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com o Movimento Baía Viva e a Associação de Moradores de Paquetá (Morena). Os grupos se mobilizam há dois anos e meio.

            O ambientalista Sergio Ricardo de Lima, cofundador do Movimento Baía Viva, afirma que a Baía “se insere em um contexto urbano onde se concentra um número expressivo de universidades públicas e privadas do país, mas que não integram ações nesse sentido”. Segundo ele, a proposta da Universidade do Mar é promover parcerias e ampliar a compreensão da sociedade sobre dilemas existentes, potencializando soluções conjuntas.

            O Mestrado Profissional em Ecoturismo e Conservação entrou como apoiador e parceiro do Projeto Universidade do Mar, em seu componente “Conexão ciência e juventude da Baía de Guanabara, através do processo seletivo do Programa Petrobras Socioambiental (2021), informa o professor associado da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro- UNIRIO- Carlos Augusto Figueiredo.

             Caberá ao Instituto Rio Metrópole (IRM), criado este ano pelo Governo do Estado, alinhar as ações socioambientais promovidas por 15 cidades. Entre os projetos do Instituto há o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PEDUI/RMEJ). Com a privatização da Cedae, espera-se a despoluição da Baía de Guanabara em cinco anos, compromisso firmado em contrato com os vencedores do leilão, ocorrido em 30 de abril deste ano. Terão também que realizar investimentos em saneamento nas comunidades e não poderão aumentar a tarifa de água e esgoto acima da inflação. 

Governo estadual: frentes de trabalho

            De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) o esgotamento sanitário é atribuição dos municípios e das concessionárias de água e esgoto e gestão de resíduos. Segundo nota da Assessoria de Comunicação (Ascom) do órgão, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade trabalha para contribuir e aumentar a cobertura de coleta e tratamento de esgoto em cidades do entorno da Baía de Guanabara, por meio do PSAM.

Em São Gonçalo, a pasta ambiental trabalha na implementação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Alcântara. O escopo do trabalho contempla a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE); de um tronco coletor; implantação de rede coletora e elevatórias, além das ligações domiciliares das residências no entorno da obra. A estimativa é de que 1.200 litros de esgoto por segundo in natura deixarão de seguir para a Baía de Guanabara, o que representa cerca de 41 piscinas olímpicas de esgoto por dia que receberão tratamento.  Data de término da obra não foi informada pela assessoria.

Outra frente de serviço em execução é a instalação do tronco coletor Faria Timbó, a fim de reduzir o lançamento de 1.049 litros de esgoto por segundo sem tratamento na Baía de Guanabara. Iniciado em 22 de março de 2020, a intervenção está prevista para ser concluída em dezembro de 2021.

Segundo a nota da Ascom, esta obra atenderá áreas dos bairros de Ramos, Bonsucesso, Olaria, Del Castilho, Inhaúma, Tomás Coelho, Engenho da Rocha, Higienópolis, Engenho Leal, Cavalcanti, Engenho de Dentro, Pilates, Maria da Graça, Encantado, Todos os Santos, Piedade, Cascadura, Madureira, Oswaldo Cruz, Marechal Hermes e Complexo Habitacional do Alemão.

Outra intervenção é a complementação do Sistema Alegria, com a construção do tronco coletor de esgoto Manguinhos, cujo projeto executivo está em fase de elaboração. As obras abrangerão a implantação de 4,6 km de coletor tronco para a captação de 1.293 Litros por segundo de esgoto, o equivalente a 44 piscinas olímpicas diárias. Após coletado, esse esgoto será destinado à Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) Alegria.

Essa iniciativa beneficiará cerca de 600 mil moradores dos bairros de Bonsucesso, Benfica, Jacaré, Jacarezinho, Engenho Novo, Lins de Vasconcelos, Méier, Riachuelo, Rocha, Mangueira, Sampaio, além dos Complexos de Manguinhos e Complexo do Jacaré. Não foi informada pela Ascom a data de término da obra.

Em abril de 2020, a pasta ambiental concluiu a construção do tronco coletor Cidade Nova. A obra contempla, aproximadamente, 163 mil habitantes dos bairros de Cidade Nova, Centro, Catumbi, Rio Comprido, Estácio e Santa Teresa.

Além disso, o Inea instalou 15 ecobarreiras na foz dos principais rios que deságuam na Baía de Guanabara. O objetivo é reter os resíduos sólidos flutuantes para que não cheguem à baía. Nos últimos cinco anos, as ecobarreiras retiveram cerca de 19 mil toneladas de resíduos para destinação ambiental adequada, diz a nota da Ascom.

SOS Baía

            São dezenas de espécies botânicas, zoológicas e ictiológicas abrigadas na baía. São golfinhos, tartarugas-marinhas, bagres, paratis, sardinhas e tainhas, entre outros. As águas da baía se renovam em contato com as do mar, no entanto é a receptora final de todos os efluentes líquidos gerados nas suas margens e nas bacias dos 55 rios e riachos que a alimentam.

            Sabe-se que existem em seu entorno pelo menos 14 mil estabelecimentos industriais, quatorze terminais marítimos de carga e descarga de produtos oleosos, dois portos comerciais, estaleiros, duas refinarias de petróleo, mais de mil postos de combustíveis e uma intrincada rede de transporte de matérias-primas, combustíveis e produtos industrializados permeando zonas urbanas altamente congestionadas.

            É circundada pelos municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, São Gonçalo, Magé, Guapimirim, Itaboraí, Tanguá e partes dos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito e Petrópolis, a maioria localizada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

            Dos 260 km², originalmente cobertos por manguezais, restam hoje apenas 82 km².  Alguns trechos foram aterrados, o que reduziu a capacidade de reprodução das espécies e causou assoreamento, reduzindo a profundidade da Baía, explicam ambientalistas.

            A Baía também sofre com acidentes ambientais como vazamentos, a exemplo do que ocorreu em janeiro de 2000 (vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo). Em março de 2006, diante de uma mortandade de peixes e óleo invadindo a praia de Ramos, os moradores da região acusaram o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim por lavar os aviões e deixar óleo escoar para as águas da baía. O maior vazamento registrado foi em março de 1975, em função do acidente de navegação protagonizado pelo N/T Tarik Ibn Zyiad, quando seis milhões de litros de óleo contaminaram as suas águas.

Sandra S. Peleias- Jornalista e Tradutora

Bike

Subida da Serra Cachoeiras de Macacu/Nova Friburgo

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Uma subida longa, mas com um grau de dificuldade médio

Subindo a Serra de carro, afirmei que queria repetir o trajeto pedalando nos seus 23 quilômetros. Observava a estrada, enquanto analisava os prós e os contras. Uma pista sem acostamento (subida), mas com outras duas de rolamento em quase toda a sua totalidade. “Menos mau, pensei, acho que dá para encarar, principalmente se for em um sábado, domingo ou feriado, quando poucos caminhões circulam”.

No domingo, pouca circulação de veículos

Em tempos de pandemia ( Coronavírus 19), que até o momento já vitimou 300 mil brasileiros, o desafio não poderia ser feito em grupo. Convidei Ramon Cunha, integrante do grupo Ciclomacacu, mas, por problemas pessoais, ficou impedido de me acompanhar.

Enfim, estando em Cachoeiras de Macacu, lugar escolhido para fazer meu isolamento, havia chegado a hora do desafio. Ir sozinha? Qual o jeito? O guia Ramon teve questões a resolver de última hora. Era pegar ou largar. Talvez não houvesse outra oportunidade.

Acertei o trajeto pelo Google Maps, que indicava o tempo de subida em 3h28m. Preferi não me prender ao tempo, porque queria fotografar e curtir as belezas da Serra. No caminho, fonte para reabastecimento, um pouco depois do Moto Point.

Até o quilômetro 14, a subida estava indo bem. A partir do MotoPoint – pit stop providencial-, onde parei para tomar um energético, o emocional começou a ser afetado. A vontade de desistir acendia no cérebro. Comecei então a fazer a respiração yogui e a repetir o mantra do budismo Nitiren Dashonin, Nam myoho rengue Kyo. Fui substituindo a afirmação de “não vou conseguir” por “vou conseguir”. CHEGUEI, em 3h30min.

O prêmio, quem pedala entende

Texto: Sandra S. Peleias

Fotos: Sandra S. Peleias

Agradecimentos: @conexaoexplore – Produtora de Eventos e Agência de Turismo- CEO Ramon Cunha– Ramon me acompanhou em tempo real, caso necessitasse de resgate.

https://www.facebook.com/ramonfcunha- email conexãoexplorer@gmail.com

Defumados, por ceder as instalações para a redação itinerante.

Integrantes da equipe máster de natação do Fluminense somam mais de mil anos

O Fluminense Futebol Clube tem a maior equipe Máster do Rio de Janeiro. Muitos atletas já passaram dos 70 anos e há quem nade na faixa etária 80 mais. Somando as idades dos atletas do Fluminense, se ultrapassa os mil anos. Treinam e participam de competições, em piscina e no mar. A paixão pelo esporte, para muitos, vem dos tempos de criança, mas, alguns começaram a nadar já na idade avançada.

Fica difícil parar de nadar, porque o hábito fortalece os músculos e mantém a mente clara e dinâmica. É a busca pela saúde,  socialização e diversão. Treinar faz parte da vida,  ser atleta Máster  é motivo de orgulho e afasta a ideia de que o idoso não pode vencer limites e se desafiar.

No Fluminense, quem comanda a equipe Máster é a professora e técnica Aninha Silva   (há  mais de 25 anos à frente da equipe mirim). Entusiasta da natação , atleta e muitas vezes campeã, mantém unida a equipe,  estimulando os treinos e as competições. É incansável no comando da maior equipe Máster de natação do Estado do Rio de Janeiro, que conta com 100 atletas e participação efetiva de cerca de 80.

A nadadora Maria Lenk (1915-2007) escreveu o livro Longevidade no Esporte e nadou  seus 1.500 metros diários até os últimos dias de vida. Nora Ronai, nascida em 1924, treina diariamente e participa de competições. Em agosto de 2014, conquistou seis medalhas de ouro no campeonato Mundial de Máster, em Montreal, no Canadá.

Muitos seguem os passos de Maria e Nora, menos famosos, mas com o mesmo pique e disposição, participando das provas 60,70,80 e 90 mais. Além dos idosos, também são Másters e participam das competições pessoas portadoras de deficiência. Os Másters estão nas piscinas e nas maratonas de mar. Ninguém pensa em parar os treinos, já superaram o estágio humano e viraram “peixes”.

Benefícios já comprovados

É consenso que a natação é um dos esportes mais completos , reduzindo os impactos nas articulações. Assim, o risco de fraturas é menor do que em outras atividades físicas, “tornando a prática ideal para pessoas que possuem problemas ósseos, como a osteoporose e artrose”, afirmam os médicos. Também  contribui para aumentar a disposição, melhora a capacidade de raciocínio, diminui sintomas de doenças cerebrais (como o Mal de Alzheimer), contribui para elevar a autoestima e estimula  a vida social. “A solidão não faz bem a ninguém”, alertam psicólogos.

Se todos os exames forem favoráveis, por que não se lançar a este desafio? Comece devagar, respeitando e ouvindo seu corpo.

Texto: Sandra S. Peleias

 

 

 

Salkantay: uma caminhada até Machu Picchu

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Um grupo afinado

 

Frio, céu estrelado, comida excelente e uma caminhada de quatro dias nos levaram até Machu Picchu, no Peru. Uma viagem para realizar um sonho antigo. Além da caminhada, foi necessário uma estada de três dias em Cusco (3.400m), importante para aclimatação quanto à altitude. Ainda bem que não senti os efeitos colaterais dessa mudança, já que vivo no Rio de Janeiro (Brasil), uma cidade ao  nível do mar.

A viagem foi programada meses antes e tivemos que enviar 50 por cento do valor cobrado pela trilha com dois meses de antecedência. É um pacote que se esgota rápido.   A empresa cumpriu a programação extamente como havia sido vendida. Não houve surpresas desagradáveis, a estada de 9 dias  se fez perfeita. Cusco surpreendeu por ter em volta uma população pobre morando nas encostas. A cidade é um importante centro turístico e muitos ganham a vida explorando essa atividade. Andando por suas ruas, mesmo à noite, há uma sensação de segurança. Apesar de possuir trânsito caótico, Cusco é imperdível, com sítios arqueológicos incas e construções espanholas do século XVI.

A Trilha Salkantay ( 58k- dificuldade média/alta )

A trilha Salkantay é considerada, pela revista National Geographic, uma das melhores trilhas do mundo .  Partimos de Mollepata – Soraypampa (3.850m ). No segundo dia, a caminhada vai até o Paso de Salkantay- Challway, depois, La Playa (Sawayaco) – Santa Teresa (3.850m). Por último Santa Teresa/Hiddrelétrica/Águas Calientes até Machu Picchu (2,430m). A subida até o sítio arqueológico Inca pode ser feita a pé ou de ônibus. Antes, porém, é necessário enfrentar uma fila quilométrica, pois o mundo inteiro vai para Machu Picchu. O retorno a Cusco é feito em parte por trem, até Ollantaytambo- aliás, um trajeto magnífico.

Antes de retornar ao Brasil, resolvi conhecer Winicunca, Montanha de Sete Cores, uma atividade de dia inteiro por 30 dólares, incluídos translados, café da manhã e almoço. Uma viagem de mais ou menos 2h30m, saindo de Cusco. Um espetáculo, emociona.

No Peru troca-se real também. Detalhe: o novo sol é mais valorizado do que a nossa moeda (isto em setembro de 2018). Em Cusco, há diversas casas de câmbio. Levei dólares e reais e troquei nossa moeda sem problema.

Agradecimentos: Yuri  Champi Tumpay ( nosso guia no Peru), Ana Xavier, amiga e guia do CEB, Alexandre, Paula, Rafael, Roberto, Marisol , Jenny e Fernando (estes  três últimos, mexicanos). Companheiros de aventura , que proporcionaram momentos de diversão e de ajuda mútua.

Texto: Sandra S. Peleias

Trekking na Patagônia- nove dias- circuito O

Cordillera Blanca (PERU)

 

Cordillera Blanca (PERU)

Viagem realizada em 2012, organizada pelos guias do CEB ( Centro Excurcionista Brasileiro) Martinus Beeck e Antônio Dias. Não foi preciso um grande investimento para realizar essa trip fantástica. Outra vantagem das viagens promovidas pelo clube é a reunião de pessoas totalmente afinadas com o montanhismo, uma atividade que requer simplicidade, companheirismo, humildade, respeito à natureza e disposição para desfrutar das belezas, mesmo nas alturas.

A base, de onde o grupo  saía para o trekking, era em Huaraz.  No Peru, a viagem teve duração de  15 dias, tendo sido organizada um ano antes. O clube costuma organizar  trekking internacional: Patagônia, Panamá, Costa Rica, Equador etc.. E muitos guias costumam viajar constantemente para fazer alta montanha.

Além das viagens internacionais, são organizadas trips nacionais e em todos os finais de semana acontecem excursões para todas as idades. Segue o site do Centro Excurcionista Brasileiro para conhecimento das atividades. (texto: Sandra S. Peleias)

Centro Excurcionista Brasileiro

 

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As flores do jardim de rua

No início da pandemia, em 2020, um pequeno grupo limpou uma área onde jogavam lixo para transformá-la em jardim. Hoje, na Rua Urussanga, esquina com Avenida São Guilherme de Norwich, em Jacarepaguá, o jardim já é uma realidade.

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Não moro próximo, a descoberta ocorreu durante uma pedalada. Na época, conversei com os “jardineiros” que se mostraram empenhados em realizar o projeto de jardim de rua, com recursos próprios. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, alfinetou um deles, lembrando a música de Geraldo Vandré, “Pra não dizer que não falei de flores”- considerada um hino da resistência contra a Ditadura Militar no Brasil.

Dezembro de 2021, pude comprovar que os “jardineiros” cumpriram a missão. Parabéns a quem se importa e decide fazer.

Texto e fotos Sandra S. Peleias

Galpão das Artes da Comlurb faz bazar de Natal

O Galpão  das Artes da Comlurb retoma suas atividades presenciais com a realização do I Bazar de Natal Arte e Sustentabilidade, dia11 de dezembro de 2021, das 10 às 18h, no Galpão das Artes Urbanas Hélio G. Pellegrino/Comurb ( Avenida Padre Leonel Franca, s/n, Gávea – embaixo do viaduto Lagoa-Bara).  A realização é em parceria com a empresa Bota Pra Girar – Sustentabilidade Urbana, da artista Fernanda Cubiaco.

O evento,  realizado em espaço aberto, busca amenizar  as perdas que atingiram fortemente os setores artístico e cultural do Rio de Janeiro, agravadas pela pandemia do Coronavírus 19. No bazar, variadas opções de  lembranças de Natal, dentro do conceito de reutilização e sustentabilidade.

” Um dragãozinho Contra a Poluição”.

No Bazar de Natal, o visitante vai encontrar peças confeccionadas com os mais variados materiais: brinquedos lúdicos e ecológicos feitos com embalagens e tampinhas provenientes do lixo; bolsas feitas de jeans usados; bonecas de retalhos e de linhas raproveitadas, painel de calota de carro, quadros e brindes imantados feitos com tampinhas metálicas; toalhas de mesa, bolsas e carteiras de lacres de latas de cerveja e de refrigerante, enfeites de Natal de papel de revista e, entre outros,  kit de Natal Bota Pra Girar, composto de  um copo long neck, escova de dente e canudo de bambu.

Madeira de reflorestamento e diferentes resíduos urbanos ganharam novos significados nas mãos dos artesãos do bazar.  Os garis músicos Rafael Dias Drumond ( violão) e Gilberto Basílio Dimas ( percussão) animarão o ambiente, enquanto a artista plástica Ana Velho expõe à venda o livro infantil ” Um dragãozinho Contra a Poluição”.

Texto: Sandra Peleias

Fotos: Galpão das Artes

Novo catamarã auxilia na coleta nas sete ilhas da Barra da Tijuca

Comlurb responde ao blog

A coleta de lixo nas sete ilhas da Barra da Tijuca (Gigóia – a maior delas -, Primeira, Pesquisa, Fantasia, Ipê, São Jorge e Garças) ganhou o reforço de um catamarã novo tipo balsa, que funciona com quatro garis e um operador, para fazer a coleta nas ilhas maiores. O antigo passou a auxiliar nos serviços nos canais mais estreitos entre as ilhas. Agora são dois barcos diariamente. Às segundas, quartas e sextas-feiras, os garis fazem a remoção de sacos de lixo domiciliar, e às terças e quintas-feiras é a vez da coleta de entulho e bens inservíveis, como móveis e eletrodomésticos.

A mecânica da coleta segue um padrão operacional feito pela Comlurb: os garis entram nas ilhas e fazem a chamada “puxada” porta a porta, levando os sacos de lixo para próximo dos diversos decks espalhados entre as ilhas. A equipe embarcada encosta o barco e recolhe os sacos. Quando os barcos chegam ao deck principal, junto à base marítima dos Bombeiros, os sacos são colocados em uma esteira em subida e caem direto no caminhão compactador. De lá, seguem até a Estação de Transferência de Jacarepaguá, em duas viagens diárias, uma por volta de 12h e a outra por volta de 16h. Mas o serviço de limpeza nas ilhas não se resume à coleta; de segunda a sexta, outros 24 garis trabalham exclusivamente em terra, cuidando de todos os cantos das sete ilhas, varrendo as ruas e ceifando e roçando o mato. A Comlurb coleta, em média, cerca de 10 toneladas/dia de resíduos nas ilhas da Barra.

Nota da Assessoria de Imprensa da Comlurb, explicando o trabalho que cabe à empresa municipal na área do Sistema Lagunar de Jacarepaguá, em função da reportagem sobre o Sistema Lagunar de Jacarepaguá, em resposta à reportagem publicada no neste blog: https://corraatrasdanatureza.wordpress.com/2021/11/10/sistema-lagunar-de-jacarepagua-poluicao-fora-de-controle/?preview_id=1817&preview_nonce=9b4258b92c&preview=true&_thumbnail_id=1831

nota do blog: Cabe à população fazer sua parte, evitando o despejo de lixo nas lagoas. Também é dever do serviço público coibir o despejo de esgoto ( intensificando a fiscalização) e desenvolver projetos que visem a despoluição do Sistema Lagunar de Jacarepaguá.

Freguesia promove bicicletada por ciclovias

Não é de hoje que ciclistas da Freguesia e adjacências, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, reivindicam a criação de uma malha cicloviária nesta área. Nem mesmo a ciclovia já existente ( que ligaria a Freguesia à Barra da Tijuca ), inaugurada em 2002, atende, hoje, às necessidades dos ciclistas.

A bicicletada ocorrerá dia 7 de novembro próximo, com concentração às 9h, no Shopping Rio Office & Mall (https://maps.app.goo.gl/QRDEoRxQrvSq6Miy8). O grupo percorrerá algumas ruas da localidade, com o apoio de equipes do 18° Batalhão da Polícia Militar, da CET-Rio e da Guarda Municipal. A realização é da Associação de Moradores da Freguesia- AMAF.

Segundo os organizadores, a bicicletada tem por objetivo chamar a atenção da sociedade, e do poder público para a necessidade de expansão da malha cicloviária na região. “Em Jacarepaguá, muita gente se locomove de bicicleta, mas, com trânsito caótico, falta segurança e respeito aos ciclistas”, afirma Mauricio J. Gonçalves, que reside na Freguesia desde 2012.

Nessa luta por ciclovia, a AMAF participou do evento Dia Mundial Sem carro

A ciclovia existente que ligaria a Freguesia à Barra da Tijuca não funciona exatamente como uma ligação direta. Para seguir em direção à praia, é preciso subir a passarela da Gardênia, sobre a Avenida Ayrton Senna, e passar para o outro lado, já que depois do Supermercado Assaí ela não tem continuação.

É uma verdadeira aventura ir à Barra de bicicleta, pois é necessário atravessar de novo uma passarela, ainda na Ayrton Senna, para, no Shopping New York City, passar por baixo da Avenida das Américas e seguir em direção à praia. Na maior parte do tempo, nesse vai e vem, se compartilha a ciclovia com pedestres. Lembrando que a passarela da Gardênia não é indicada como um ponto seguro para ciclistas.

Esta ciclovia também necessitava de manutenção já há algum tempo. Foi através da AMAF que a Prefeitura fez ali alguns reparos este ano. “Mas, será preciso rever o projeto e executar mudanças” , afirmam ciclistas de Jacarepaguá.

Texto: Sandra S. Peleias/Fotos: Sandra S. Peleias

sobre a AMAF: https://www.amafreguesia.org/

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/11/menos-estresse-e-mais-folego-ganhos-de-quem-passou-a-pedalar-na-pandemia.htm

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