Corratrásdanatureza conversa com Adriana Mello, responsável pelo evento Mulheres na Montanha, que promove a interação de mulheres de diferentes clubes de montanha, cidades, idades, modalidades e estimula novas gerações de meninas a escalar. Mulheres na Montanha é realizado durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.
CN- Qual é o objetivo do evento Mulheres na Montanha ?
AM-Foram vários fatores que influenciaram a fazer o evento mulheres na montanha. O primeiro e mais importante sempre foi promover a interação das mulheres de diferentes clubes, cidades, idades, modalidades de escalada e comemorar o Dia Internacional da Mulher de uma maneira muito divertida e feliz.
Fora isso, tentamos documentar a evolução da escalada feminina, estimular novas gerações de meninas a escalar e virem pra montanha. Aproveitamos a oportunidade para prestar as justas e importantes homenagens a essas grandes mulheres que temos no nosso montanhismo.
CN- Ele acontece em que capitais?
AM- Durante alguns anos o evento aconteceu apenas no Rio de Janeiro. Esporadicamente, algum outro estado também fazia um encontro mais informal. Em 2014 conseguimos que ocorresse em cinco lugares diferentes e todos movidos pelos mesmos objetivos – foi um ano muito especial.
CN-Por que vc teve a ideia?
AM- Em 2005, nove amigas dos clubes CEC( Centro Excurcionista Carioca) e CERJ (Centro Excurcionista do Rio de Janeiro) resolveram ir escalar no Cantagalo pra comemorar o Dia Internacional das Mulheres. Para essa nossa geração – pois já houve muitos outros eventos na década de 80 – era a primeira vez que apenas mulheres escalaram (engraçado é que reunir as nove parecia “muita gente “! ). Em 2007 tive uma ideia de última hora – fazer camisetas personalizadas para o evento (que nesse ano aconteceu na Urca). Contamos com 48 mulheres participando neste ano.
De 2007 a 2014, o número de “meninas” cresceu tanto que registramos o recorde de 231 assinaturas no livro (apenas no Rio de Janeiro) além de ainda ter acontecido em mais outros cinco lugares.
CN- Fala um pouco de vc, seu perfil, escolaridade, profissão. Como começou a escalar e por quê?
AM- Me formei em educação física mas não cheguei a exercer a profissão, a não ser durante a faculdade. Acabei fazendo um curso e me tornando corretora de seguros, profissão que atuo há 24 anos. Eu sempre gostei muito de esportes e vida ao ar livre. Em 2002 ,quando me separei, estava em depressão por causa da separação e minha mãe me incentivou a fazer o curso de escalada. No início, eu não queria muito, mas acabei indo, e foi graças a este esporte tão maravilhoso que hoje, 12 anos depois, sou muito grata por todos os lugares que conheci, amigos que fiz e momento que vivi.
CN-Quais são os desafios de sua vida tanto na condução do Mulheres da Montanha quanto nas escaladas.
AM-Já tive várias fases durante esses 12 anos de escalada. A fase de guiar, a de querer fazer vias cada vez mais difíceis, a de gostar de ajudar em conquistas e a de querer sempre conhecer lugares diferentes. Hoje em dia, estou numa fase mais tranquila – gosto de escalar com quem eu gosto da companhia, e então não me importo de repetir a mesma via, a mesma montanha 20 vezes seguidas em companhia de pessoas que me fazem bem. Gosto de escalar, bater papo e estar entre os amigos – isso torna meus finais de semana muito mais felizes.
Em relação ao “Mulheres na Montanha”, procuro deixá-lo sempre atualizado, então estou sempre à procura das informações dos eventos, campeonatos, festivais, para que as meninas sempre estejam por dentro de tudo que está acontecendo no meio do montanhismo, além de oferecer o nosso espaço pra todos que quiserem enviar suas fotos, textos, reflexões, relatos e etc.